Alexandre Barros é um caso isolado de sucesso no motociclismo. Como único representante brasileiro na elite de um esporte de pouca expressão no país- o MotoGP-. Ou falta piloto ou incentivo! Qual será a opção certa. Não estamos fazendo nenhuma pesquisa sobre o assunto, e nem provocar polêmica, apenas o meu ponto de vista. O motociclismo esportivo que ao contrário do automobilismo, no qual o Brasil revela campeões com freqüência impressionante, é pouco reconhecido pelo público. Foi num cenário semelhante a esse que nasceu Alexandre Abrahão de Barros, paulistano do dia 18 de outubro de 1970.
Alex se envolveu com motos logo aos três anos de idade, quando seu pai, Antônio Maria Coelho de Barros – que era ciclista – lhe deu uma moto. Aos sete anos, Alex começou a sua carreira como piloto no campeonato paulista de ciclomotor, disputado em mobiletes.
Era o início de uma trajetória nacional sem precedentes. No ano seguinte, ele assinou seu primeiro contrato como profissional, antes de conquistar o bicampeonato da categoria em 79 e 80. Em 1981, foi “promovido” ao quarto lugar no Campeonato Paulista de motociclismo na categoria 125cc especial, além de vencer a Prova dos Campeões, disputada em 1982 no Rio. O piloto ainda foi vice-campeão paulista e 3° colocado no campeonato brasileiro de motovelocidade em 83, garantindo recordes na pista de Interlagos em todas as categorias que disputou.
Nesse momento, com 13 anos, Alexandre já havia trilhado em sua mente o seu destino. O objetivo: disputar o Mundial de 500cc ao lado dos pilotos mais velozes do mundo e, como o seu ídolo, o norte-americano Kenny Roberts, e se tornar um campeão. Para realizar seu sonho, não mediu esforços. Em 1985, quando era a sensação correndo de minibikes em São Paulo, foi mandado para a Espanha. Foi necessário até mentir a idade, já que era preciso ter mais de 18 anos para disputar o Campeonato Mundial de 80cc. Aos 15 anos, Alex estreou e impressionou a Europa em 1986, vencendo o Grande Prêmio da Espanha de 80cc. Não demorou muito e o promissor piloto da 80cc se mudou para a 250cc em 1989, antes de realizar seu sonho e ser contratado para correr pela Cagiva na categoria 500cc em 1990, quando ainda era um adolescente.
Em seu primeiro ano, o piloto conquistou 57 pontos e o 12º lugar no campeonato. Em 91 e 92, como companheiro de Eddie Lawson, Alex foi 13º. Na temporada de 1992, conquistou seu primeiro pódio no GP da Holanda e sua primeira volta mais rápida no GP da Hungria. Lawson, por sinal, foi reconhecidamente um dos principais tutores do brasileiro nas então 500cc. O norte-americano foi o responsável por alguns dos truques adotados por Barros na pista, como brecar antes da curva e não dentro dela, acrescentando velocidade nas saídas. Foi também o campeão das temporadas de 84, 86, 88 e 89 que mostrou o funcionamento do “universo das 500cc” ao então novato.
Porém, após três anos lutando contra seu equipamento na Cagiva, Alexandre finalmente foi para a Suzuki, onde conseguiu alcançar a primeira vitória. Foi no circuito de Jerez de la Frontera, na última corrida da temporada de 93, depois de estar perto do primeiro lugar em duas provas. No entanto, foram outros dois anos não tão bem-sucedidos na Suzuki, o que colocou o brasileiro na Kanemoto Honda em 95. Em seguida, Barros trocou o modelo V4 por uma Honda V-twin, com a qual venceu a Copa IRTA em 1997. Já na temporada de 1998, retornou ao modelo Honda V4.
Em 1999, o brasileiro fez novamente as malas e foi para a West Honda Pons, na qual correria com a mesma máquina. E foi aí que sua sorte começava a virar. Mesmo perdendo alguns dos treinos de pré-temporada, Alexandre continuou na equipe do espanhol Sito Pons em 2000, tendo o italiano Loris Capirossi como seu companheiro e com novo patrocinador.
Nesse ano, Alex fez sua primeira pole, no GP da Itália, e conquistou vitórias na Holanda e na Alemanha. De contrato renovado em de outubro de 2001, o brasileiro começou a trilhar os caminhos daquela que seria sua melhor temporada na categoria. Em 2002, Alexandre venceu outras duas vezes: nos GPs do Pacífico (Motegi, Japão) e de Valência (na Espanha, última prova do campeonato). O piloto ainda chegou entre os três primeiros em seis corridas e deixou de completar apenas duas provas, o que contribuiu para a soma dos seus 204 pontos.
Acabou como quarto colocado do ano, atrás do campeão Valentino Rossi (355 pontos), do italiano Max Biaggi (215) e do japonês Tohru Ukawa (209), com a briga pelo vice-campeonato aberta até o final da temporada. Em 2003, no entanto, Barros não conseguiu repetir as boas corridas do ano anterior. Pilotando pela Gauloises Tech 3 Yamaha, ele somou 101 pontos no ano e ficou com o nono lugar na classificação geral. O título ficou mais uma vez com o italiano Valentino Rossi.
A única vitória de Barros no ano aconteceu na Malásia. A segunda melhor posição do brasileiro foi um quarto lugar no GP do Brasil. Para 2004, a promessa era outra. Pilotando pela Repsol Honda, equipe campeã de 2003 com Valentino Rossi, Alexandre Barros viu suas elevadas expectativas acabarem frustradas com mais um quarto lugar no Mundial, levando-o para a Camel Honda.
Com novos desempenhos abaixo do esperado e apenas uma vitória em 2005, no GP de Portugal, Barros decidiu passar o ano seguinte nas Superbikes. Foi uma temporada “sabática” das mais produtivas. Apesar de ter pago cerca de R$ 350 mil do próprio bolso para correr pela Klaffi Honda e de se aproximar do ocaso profissional, o já experiente brasileiro conseguiu dar novas mostras de talento. Alex foi o sexto colocado da temporada, mesmo sem vitórias, o que lhe valeu um convite para correr novamente na MotoGP. Agora, pela modesta Pramac d’Antin.
Novamente, ele não decepcionou. Com pontos em 14 das 18 corridas, o brasileiro terminou o ano no décimo lugar com 115 pontos, brilhando com o terceiro lugar no GP da Itália e ainda se consagrando como o piloto com o maior número de participações em provas da história da motovelocidade – entre 80cc, 125cc, 250cc, 500cc e MotoGP, foram 276 registros. Em novembro de 2007, pouco antes de encerrar a temporada da MotoGP em Valência e novamente cotado para as Superbikes, Barros anunciou o adeus.
“Comecei a correr em 1986, no último ano de Ángel Nieto e do primeiro título de Aspar (o espanhol Jorge Martinez, tricampeão das 80cc entre 86 e 88). São muitas as lembranças que deixo no paddock”, disse o brasileiro, sétimo lugar em sua 276ª e última corrida. Habilidade e serenidade - A fama de que pilotos brasileiros são talentosos até em enxurradas pôde ser confirmada não apenas por Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Felipe Massa, Rubens Barrichello, Luis Carlos Pace enfim... entre tantos outros.
Mas também sobre duas rodas, que agora está despontando o garoto Eric Granado, como o mais provável futuro representante brasileiro no MotoGP. O Grande Prêmio da Itália, quinta etapa do Mundial de MotoGP de 2001 e vencido por Alexandre Barros, foi prova desse diferencial. Realizada em Mugello, a corrida foi marcada pela chuva torrencial, que chegou a interromper a prova, e pelo brilhante desempenho de Alexandre em pista molhada. Embora tenha cruzado a linha de chegada em segundo, o brasileiro teve o melhor desempenho na soma dos tempos das duas baterias que acabaram sendo realizadas.
Seu companheiro na equipe Emerson Honda Pons, o italiano Loris Capirossi, foi o segundo colocado, seguido pelo também italiano Max Biaggi, na terceira colocação. A prova foi iniciada com pista seca, mas a partir da quinta volta a forte chuva passou a comprometer a segurança dos pilotos e na sétima volta o diretor da corrida decidiu paralisá-la. Depois da troca dos pneus lisos pelos pneus biscoito, um dos quase 20 tipos que podem ser utilizados em corridas, os pilotos voltaram à pista para uma segunda bateria de 16 voltas. Novamente sobre o aguaceiro, Barros teve dificuldades para manter sua Honda com o mesmo desempenho apresentado no traçado seco, embora sua performance na chuva tenha sido muito superior à dos demais pilotos e mantido o brasileiro na primeira colocação na soma dos tempos das duas baterias. Líder do campeonato, Valentino Rossi estava na primeira colocação da segunda bateria até sofrer uma queda. Em 2005, venceu o Gp de Estoril, formando um pódio histórico.
Na última volta. Mas nem só de habilidade é feita a carreira de um piloto. Apesar de correr a mais de 300 quilômetros por hora em uma moto, Alexandre é uma pessoa calma e que encontra na família o seu grande além do apoio o seu maior passatempo. Seus filhos são seu grande estímulo para se dedicar 100% ao esporte, embora sejam deixados de lado nos momentos em que está em cima de uma moto.
Quando um repórter lhe perguntou sobre o que passa em sua mente durante uma corrida, o piloto disse sentir-se a pessoa mais feliz do mundo, mas mantendo a concentração para fazer a melhor curva, sempre o mais rápido possível para obter a maior velocidade na reta, seguindo a obsessão de se aperfeiçoar a cada volta - parece ser um comportamento, muito comum nos pilotos, consegue-se perceber isso em suas declarações pessoais -. Comparado aos demais pilotos, Alexandre é bastante calmo. Talvez o segredo para tamanha tranqüilidade esteja na oração que o piloto sempre faz antes de entrar na pista, ritual que ele denomina como uma "oração pessoal".
Principais conquistas:
. Bicampeonato Brasileiro de Ciclomotores 1978/79
. Campeão Brasileiro de 50 cc 1981
. Campeão Brasileiro de 250 cc 1985
Vitórias na MotoGP:
. GP da Europa, em Jerez de La Frontera, em 1993
. GP da Holanda e Alemanha, em 2000
. GP da Itália, em Mugello, em 2001
. GP do Pacífico, em Motegi, e Valência, em 2002
. GP da Malásia, em 2003
. GP de Estoril, em 2005
Nota: As fotos desta matéria em homenagem a ALEXANDRE BARROS, salvo algumas excessões, as demais fotos não obedecem a uma cronologia.
2 comentários:
Fala amigão, excelente matéria.
Só uma coisa, acredito que ele venceu uma corrida na Superbike, em Ímola.
[ ]s
Vc tem razão, acabei não mencionando a participação de Alex na Superbike.
Aguarde que estamoagendando uma entrevistaexclusiva com ele.
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