Motonotícia: " CONVIDADOS: Marilene Caixeta amor ao motociclismo "

Estamos em nossa terceira edição de CONVIDADOS. Este mês recebemos uma motociclista que é um verdadeiro exemplo de superação e amor pela motocicleta.Em nossa entrevista Marilene Caixeta.

ENTREVISTA 

Fale um pouco de você e desta paixão pelo motociclismo?

R: Nada como a vida real para inspirar as pessoas, não é verdade! Em 2001, depois de quatro anos de muita luta contra um câncer no intestino infelizmente perdi o meu marido, ou melhor, o meu grande amor, meu companheiro, minha vida. Após seu falecimento passei cinco anos estagnada no tempo. A razão de viver e o brilho nos olhos foram embora depois disso. Durante todo esse tempo fiquei totalmente perdida, sem rumo, uma parte de mim tinha ido embora e eu não sabia como sentir vontade de viver novamente. Foi então que em 2007, Deus me enviou uma grande esperança para que eu voltasse a sentir vontade de viver novamente. Foi com o apoio de uma amiga muito querida, que durante um de nossos bate papos, me convidou a participar de um encontro de motociclistas em Belo Horizonte. Com um pouco de receio por não conviver em grupos há algum tempo acabei aceitando o convite e conheci um grupo de pessoas maravilhosas de  personalidades diversas, que sabiam curtir a vida com plenitude. Nesse mesmo dia conheci as máquinas que faziam gravitar em torno de si todas aquelas pessoas, as Harley-Davidson, uma lenda (sem dúvida) com energia suficiente para mover meu coração e o desejo de voltar a desfrutar de tudo o que a vida proporciona a quem a quer de fato.

Foi ai nesse momento que surgiu esse amor incondicional pelo motociclismo?

R: Naquele dia, pensei comigo se eu seria capaz de participar de tudo aquilo que encheu meus olhos e que em questão de segundos foi capaz de fazer o meu coração palpitar novamente. Nunca tinha tido até então a expectativa de algo que poderia me fazer um bem enorme, então decidi que iria estar com aquele grupo sempre, em todos os encontros e passeios. Porém, para que eu fizesse parte do grupo precisaria me tornar uma motociclista. O primeiro obstáculo veio com as aulas de pilotagem, onde o examinador não me concedeu a  habilitação por causa de um problema na minha perna esquerda causado pela paralisia infantil. Essa paralisia só me permitiu voltar a andar depois dos 15 anos de idade, após muitas cirurgias e grandes internações durante toda a minha infância. Esse empecilho não foi o suficiente para que eu desistisse. Procurei um amigo do Detran, ao qual me indagou de como seria possível  ter a chance de rodar com o grupo, que seria através de um triciclo.

Como foi a sua experiência de poder pilotar e acompanhar seu grupo nas viagens?

R:  Durante um ano acompanhei as HDs no meu carro, e fui pesquisando uma boa máquina que atendesse a mim e às minhas necessidades. Com a ajuda e apoio do meu filho, Paulo, fomos em busca de informações até que encontramos um fabricante em São Paulo que montou a minha moto, totalmente personalizada. Foi o começo de um sonho, a beleza da pintura, do cromado e de todo o charme feminino desejado, o veículo ainda tinha que ser automático, portanto foi feito sob medida para mim. Com o veículo pronto para ser usado, tive que saber lidar com família, que me achavam doida de me arriscar em um hobby tão perigoso, e vejam só, foi a minha mãe  quem mais deu força para eu  voltar a sorrir. Passei por um período de adaptação e novos treinamentos para tentar mais uma vez a habilitação para que eu pudesse enfim fazer todos os passeios com o grupo. No dia do exame, tive problema com o examinador, pois este não sabia como agir uma vez que não daria para ter um triciclo no circuito de teste de uma moto. Corajosamente ofereci ao examinador a garupa, mas ele recusou e preferiu me acompanhar de carro. Após um exame perfeito consegui a habilitação e a admiração de todos do grupo. Para mim foi mais um etapa vencida na minha vida. Foram quatro anos de puro prazer, muita estrada, belos passeios, e sempre com o grupo de BH. Enfim eu estava satisfeita com a minha moto, até que nem acreditei!!!!! A Bombardier tinha lançado um triciclo super moderno, Can-Am Spyder Grand Sport, que me atendia perfeitamente, com um design perfeito para uma mulher que gosta de moto e o melhor já vem de fábrica com câmbio semi-automático dispensando assim a utilização de embreagem, desta forma eu não precisaria fazer nenhum tipo de adaptação. Pensei que eu estava satisfeita até esse lançamento... Fiquei louca só de pensar em me ver numa moto daquela. Meu Deus!!! Fui atrás do revendedor da marca em Belo Horizonte e não fiquei tranqüila enquanto minha encomenda não chegou. Foi uma espera sem fim, uma tortura até sua chegada, desfiz da outra moto e finalmente me vi andando para todos os lados no Spyder. Hoje, por onde passo não tem uma alma viva que não para sua atenção para olhar para mim, ou melhor, para ela..... hahahaha!!!!!!

E essa paixão pela HarleyDavidson?

R: Bem, a história começou quando fui acolhida de braços abertos por um grupo de harleyros e pude sentir, o quanto homem/máquina podem fazer a diferença. A turma da HD sempre me aceitou em outra moto que não fosse a deles, por toda essa história. O sucesso da minha moto é sem explicação.
Aprendi que cada dia, cada hora e cada minuto são únicos e hoje exercito este aprendizado em todos os momentos de minha vida. A amizade é muito importante na vida do ser humano, sem esses novos amigos que conquistei não teria chegado onde cheguei. Tive momentos gratificantes em que muitas vezes fui capaz de transformar criticas em superação. Meu “Espírito Livre” (nome do meu grupo), quer se sentir livre pra amar e ser feliz. 

Marilene uma mensagem final

R: Tenho certeza que a minha história vai trazer força e coragem a várias pessoas que gostariam de ir atrás de um sonho ou retomar a vida.
Gostaria de agradecer o meu filho Paulo pelo apoio em tudo que faço, e aos meus amigos que me ajudam a ser cada dia mais “veloz” na minha vida!!!
Obrigada!