Fazendo uma análise da última etapa do WSBK, pudemos observar que foi um final de semana onde tudo transcorreu muito bem para as cores da Yamaha. Embora sem nenhuma vitória, a marca colocou os seus dois pilotos no pódio, na duas provas desta que foi a nona etapa do campeonato mundial de superbikes deste ano, em Silverstone. Eugene Laverty, um piloto em quem se deposita grande esperança para o futuro foi segundo e comandou as etapas da prova. Marco Melandri que vinha de duas vitórias nas quatro últimas provas, fechou o pódio. O italiano foi mesmo um dos pilotos mais falados durante o fim de semana pois teve o seu contrato automaticamente renovado com a marca por ocupar uma posição nos três primeiros do campeonato em 31/7...
Marco Melandri |
Era a primeira vez em quatro anos que Melandri não teria que mudar de equipe. Era a primeira vez, desde 2008, que a equipe Yamaha no WSBK ía manter os seus pilotos duas temporadas seguidas. Tudo parecia estar correndo muito bem; até que no dia 01/08,- dia seguinte da etapa inglesa, aconteceu o (grande "balde de água fria), a Yamaha divulga um comunicado oficial em que anuncia o seu abandono do campeonato de motos derivadas de série, justificando este medida com um reenquadramento da sua estratégia de marketing para a Europa, ( como já divulgamos aqui). Um anúncio em bom tom, para que toda a imprensa percebesse sem nenhuma dúvida que devido à enorme quebra de vendas das motos super-esportivas no Velho Continente, a marca iria deixar de gastar as verbas que investia na manutenção dos programas esportivos, limitando-se a fornecer somente material às equipes privadas.
Eugene Laverty |
Por isso, entendemos que isto foi mais que um reflexo da crise que a economia mundial atravessa e dos dias difíceis que afligem a zona do Euro, e também o Japão. Esta medida enquadra-se numa redefinição de estratégias comerciais das grandes marcas que deixam de ver nas corridas um bom investimento dado que estas não têm consequência nas vendas do dia a dia. Na semana anterior à corrida de Silverstone, um jornal italiano divulgou a possibilidade também da Aprilia no final da próxima temporada (se não antes...) motivada exatamente pelas mesmas razões. As vendas em stand da RSV4 estão muito aquém do esperado, apesar de tratar-se de uma moto comprovadamente eficiente e... Campeã do Mundo! Por outro lado, com a aproximação das novas regras do MotoGP às motos de série (vai passar a ser possível utilizar blocos de série e a cilindrada sobe para 1000 cc, ou seja, a cilindrada das tetracilíndricas esportivas que correm nas SBK... e este tema daria um outro artigo), as marcas não vêem necessidade de gastar dinheiro a manter programas esportivos e desevolvimento tecnológico em paralelo, preferindo, certamente, concentrarem-se no MotoGP que é muito mais impactante em termos de marketing e funciona melhor como laboratório de tecnologia pois as fronteiras estão num horizonte mais distante do que as restrições impostas às motos derivadas de série.
O mesmo caminho parece estar sendo seguido pela Suzuki (aí com problemas acrescidos, pois durante décadas, os seus produtos âncora foram as motos super-esportivas) e não nos espantaria se a Honda seguisse a mesma via. Só a Kawasaki parece estar verdadeiramente contra a corrente. Talvez seja cedo demais para fazer uma afirmação, mas o esporte das duas rodas pode estar à beira de uma grande reforma, na qual campeonatos e classes poderão desaparecer abrindo novos caminhos para o futuro.
-imprensa/foto/wsbk-
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