sexta-feira, 21 de novembro de 2008

COISAS DE CINEMA: HOLLYWOOD CONTINUA COM ESTERIÓTIPOS SELVAGENS


Os anos passam, os hábitos e costumes mudam, entretanto a maneira de pensar dos diretores de Hollywood em retratar os motociclistas nos filmes é sempre a mesma. Sinônimo de selvageria. A década de 50 foi considerada por muitos como o grande marco do cinema para o tema motociclismo. Marlon Brando era a personificação da desordem sobre duas rodas. Vestido com uma jaqueta de couro - usava-se como atualmente para se proteger do tempo e de uma possível queda, mas que de certa forma tornou-se uma peça fundamental para o guarda-roupa do motociclista – mas como estávamos dizendo Brando com sua Triumph Thunderbird e mais seus “associados” tocavam o terror numa pequena cidade dos EUA, em “The Wild One – 1953”.

Passaram-se 55 anos e por incrível que pareça, a imagem que Brando - indiretamente – ajudou a criar ainda esta viva, por incrível que possa parecer, a imagem que Brando – indiretamente – ajudou a construir ainda está viva e saudável nos filmes. Por mais que os hábitos e costumes tenham mudado esse conceito, a moto tenha assumido de vez o seu papel como meio de integração e lazer, não adianta. O tempo parece ter parado e criado “mofo” na cabeça dos roteiristas e executivos de cinema. Ai vai a “velha máxima” de Hollywood: “motociclista bom é motociclista desordeiro. Imagem não é nada, desordem é tudo”. Embora seja uma árdua tarefa, faço um convite aos leitores que façam um exercício de memória e tentem lembra-se de qualquer filme que tenha, mesmo que de uma forma mais “suave” tratado essa questão do estereótipo do motociclista. Nesse gênero de filme, eu pessoalmente desconheço.

Cena de Fúria em Duas Rodas.
Mas sinceramente, acredito que irão gastar fosfato a toa. Todos os que eu já pesquisei sejam antigos ou modernos e mais recentes, o tema central sendo o motociclista o enredo é uma inesgotável fonte de problemas. E isso não é somente, privilégio do cinema, a TV também tem seu papel nessa confusão toda. A série atual Cleaners, o filme Torque - título original - Fúria em Duas Rodas, mas tem um seriado – não tão antigo, que lembra cenas de Motoqueiros Selvagens - está no episódio: “Férias em White Rock” da primeira temporada de A Super Máquina, onde se pode assistir uma guerra de gangues agendada.


Uma que aterroriza a cidade a espera da outra para uma batalha previamente agendada. E por ai vai... Se fossemos colocar em ordem todos os filmes com essa característica, precisaríamos escrever uma ”tese”. Regressando a telona, em 2003, foi lançado “Biker Boyz - EUA”, aqui em terras brasilis veio com o nome Corridas Clandestinas.


Cena de "Biker Boyz"
Outro filme que pega pesado na imagem do motociclista. A moto faz parte do cenário, como objeto decorativo, a essência esta na verdade, nas corridas de rua, empinadas e zerinhos, isto sem contar os inúmeros acidentes que são “os destaques” para dar bilheteria. Sem chance de opinar a favor desse filme. Para o leigo, que já criou certa “resistência” para a figura do motociclista, imagina que este só se sentirá bem agindo desta forma.

Não vou resistir se não comentar um pouquinho sobre essa “obra-prima do descrédito”. O protagonista “Kid” também não ajuda em nada, vivido na pele do ator Derek Luke que na verdade é um rebelde sem causa. Cheio de mimo e de uma prepotência a toda prova, se acha no direito de mandar o “planeta inteiro para o inferno” para se sentir “feliz”. Passa o filme todo buscando auto-afirmação com o punho direito, acompanhado de seus amigos. O que chama a atenção para quem gosta de motociclismo são algumas motos no filme muito bonitas. Para não me alongar tanto e deixar o texto cansativo, vamos aos tempos modernos.

O mais recente – e triste - exemplo é, por ironia, uma comédia: ”Wild Hogs” - Motoqueiros Selvagens, de 2007. Longe, de ser um retrato da época é uma sátira, ou melhor o mais ‘‘tranqueira’‘ de todos. Por trás de uma premissa de fazer a platéia rir (e, justiça seja feita, até consegue), está toda uma coleção de clichês e estereótipos do gênero: a famosa gangue de motoqueiros, feios e barbudos, que espalha o terror onde passa, lotados de tatuagens e maldade, chefiados por Jack - o eterno homem mau Ray Liotta - está lá, firme e forte, pronto pra quebrar tudo e todos.

A cena onde eles encontram os Wild Hogs e Jack dá um discurso sobre ‘‘motoqueiros de verdade’‘ merecia ter ficado no chão da sala de edição no corte final. Uma bobagem sem sentido que nem vale à pena reproduzir aqui, quem tiver paciência alugue o filme e assista. E, óbvio, que o famoso guichê, não poderia faltar.

Como sempre ‘‘aquela cidadezinha do interior onde o xerife é um ”banana” e a gangue faz o que quer’‘. Será que já não vimos isso antes? Que coisa, não! Incrível, que ainda hoje, em pleno século 21, Hollywood ainda renega o motociclista ao papel de arruaceiro de plantão... Pra limpar a barra, foram atrás do óbvio: colocaram Peter Fonda como uma solução deus “ex-machina” para salvar, ainda que tardiamente, a pátria. Hehehehe. Bem possível, que muitos ao lerem essa matéria, irão chiar iguais a gato tomando banho. Mas o próprio Peter Fonda se tornou um clichê de filmes com motos depois de Easy Rider, de 1969. Embora como símbolo da anti-cultura da época tem muito a dizer... só não retrata o motociclista em sua realidade contextual. Estávamos falando de “Wild Hogs”, certo.

É bom lembrar que este filme veio para o Brasil meio que na garupa de “Ghost Rider -2007. Onde quem era o demônio Mefistófeles, senão o Peter Fonda. Ainda temos: Harley Davidson e Marbolro Man,” um amigo receber uma intimação de um banco, que exige uma alta quantia para que seu bar não seja fechado, dois homens decidem roubar um carro blindado para conseguir a quantia. Com Mickey Rourke, “Don Johnson, Daniel Baldwin e Tom Sizemore.” As cenas e trilha deste filme foram muito bem cuidadas vale assistir.

Bem, esta estourando logo o filme Hell Rider de 2008. “A história de “Hell Ride” é baseada no estilão dos filmes dos anos 70, que leva o motoqueiro Pistoleiro (Larry Bishop) a assistir ao assassinato da sua mulher de forma brutal por um bando satânico de motoqueiros conhecida como “666ers”.

Ao lado dos seus companheiros Gent e Comanche, o Pistoleiro sai em duas rodas pelas estradas em busca da sua sangrenta vingança.” 2008. Pois é, essa última referência é de 2008 certo. Isto indica que a indústria do cinema de Hollywood ainda esta com a cabeça nos anos 50. O que será que passa na cabeça desses “poderosos” diretores e executivos dos grandes estúdios hollywoodianos. Deviam conhecer encontros de motociclistas, passeios como o da Roçam, e uma infinidade de atitudes positivas de nossos motociclistas, com campanhas de agasalho, alimentos etc.... Ou então atitudes como de Ewan McGregor doando moto para a UNICEF. Quem sabe um dia eles acordam.... Mas como dizem: é Hollywood tem dinheiro, então “tudo pode”

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