Quem diria que ao cabo de três corridas Rossi seria líder seguido de duas Ducati e com Márquez literalmente a cair para quinto? Os dois dias de treinos do Grande Prêmio Red Bull da República da Argentina já tinham dado nova “carta” ao baralho com as excelentes apresentações de Aleix Espargaró aos comandos da GSX-RR do Team Suzuki Ecstar que chegou mesmo a qualificar-se na segunda posição do grid depois de ter dominado os treinos de quinta-feira. Era mais um elemento a mais juntando-se aos outros com que esta temporada de 2015 já presenteou os fãs da categoria rainha do campeonato mundial de MotoGP: o novo alento e fome de vitórias do multicampeão Valentino Rossi, o renascimento da Ducati com incríveis apresentações de seus dois pilotos oficiais no comando da nova GP15, realmente um início de campeonato aquém do esperado por parte do atual campeão mundial Marc Márquez e um Jorge Lorenzo mais forte que no ano passado, mas ainda em busca do brilho de outras temporadas. Mas a verdade é que ninguém esperava que a corrida acabasse por ser decidida, primeiro com uma troca de pneus no grid – o piloto da Repsol Honda acabou apostando no slick traseiro duro em relação do extra-duro com que tinha ido para a pista para a volta de reconhecimento – e, por fim, com um toque naquilo que se pode considerar um raro momento de falta de concentração de Márquez. As 25 voltas começaram com inesperada – ou talvez não – liderança da Suzuki pela mão de Espargaró, mas depressa Márquez assumiu a liderança para impor um ritmo fortíssimo abrindo uma vantagem de quatro segundos. Parecia que estaríamos perante mais uma das corridas a que o espanhol há muito nos acostumou, mas já na segunda metade da prova o piloto da Repsol Honda começou a perder ritmo conforme o pneu traseiro foi perdendo rendimento.
Nessa altura Rossi tinha superado Dovizioso na luta pela segunda posição e iniciava a perseguição a Márquez. O piloto da Ducati Team ainda tentou aproveitar a boleia, mas o ritmo de Rossi com o pneu duro era alucinante, ganhando um segundo por volta já perto do final, não tardou para que “The Doctor” se colasse na roda de Márquez.
Foi aí, momentos depois de uma ultrapassagem de mestre de Rossi que o inesperado aconteceu. Márquez tentou a resposta imediata por dentro e tocou no italiano; sem descolar prosseguiu nos intentos na curva seguinte, já por fora, quando voltou a bater de forma irremediável na Yamaha. Resultado: a Honda e Márquez acabaram no chão, e com um zero na tabela pontos, enquanto Rossi seguiu caminho rumo a uma vitória que seguramente irá para a lista pessoal das melhores de todos os tempos. Entretanto, com os acontecimentos na frente da corrida a dominarem tudo e todos e com Dovizioso conquistando o terceiro segundo lugar consecutivo este ano, mais atrás a luta pela terceira posição quase passava despercebida.
Andrea Iannone via-se envolvido em animada disputa com Cal Crutchlow; o primeiro em busca do segundo pódio do ano e o segundo à procura do regresso ao Top 3 pela primeira vez desde o terceiro lugar conquistado na Austrália em 2012.
A vantagem, desta feita, acabou por ser do inglês, numa fantástica manobra na última curva, conseguiu superar Iannone, impedindo a repetição do italiano no pódio, e ao mesmo tempo, provando que o slick traseiro duro tinha o que era preciso para chegar ao pódio. Enquanto isso, Jorge Lorenzo piorava face às duas primeiras corridas. O piloto da Movistar Yamaha está de novo a ter um início de temporada complicado; depois dos problemas no capacete no Qatar e da bronquite em Austin, onde foi quarto em ambas as corridas, agora não foi além de um apagado quinto lugar. Algo tem claramente de fazer para recuperar o terreno que já perdeu para o colega de equipe e para os pilotos da Ducati em termos de Campeonato. E o ponto a mais que soma sobre Márquez quase nem sequer se pode chamar de vantagem dado o poderio do jovem espanhol da da RC213V. Logo atrás, em sexto, ficou Braldey Smith. Desta feita o piloto Monster Yamaha Tech3 perdeu claramente a batalha pela liderança entre os pilotos Satélite para Crutchlow, e já é um interessante duelo entre os dois britânicos nas corridas. Já Aleix Espargaró voltou a terminar nos dez primeiros, ao cruzar a meta em oitavo, à frente do irmão Pol (Monster Yamaha Tech3), uma melhoria de uma posição por parte do homem da Suzuki face à semana passada e um resultado que leva a crer que ainda será possível ver a marca nipônica lutar por uma posição do pódio até ao final da época.
Assim, após a primeira incursão intercontinental da temporada, Valentino Rossi mantém-se intocável na liderança da classificação do Campeonato do Mundo com 66 pontos após a segunda vitória do ano, seguido pelos pilotos da Ducati, com Dovizioso em segundo (60 pontos) e Iannone em terceiro (40), enquanto Lorenzo segue em quarto com 37 pontos, um ponto a mais que o atual campeão Marc Márquez. Dentro de duas semanas inicia a temporada européia, no circuito de Jerez de la Frontera dando sequencia a seis corridas no Velho Continente que se vai estender até meados de Julho.
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