O proprietário da Fabrication Techniques Racing (FTR), Steve Bones, falou com a imprensa especializada esta semana, explicando como é que o construtor britânico está progredindo com o projecto de Moto2 através de desenvolvimentos e testes privados e graças também à sua recente participação no CEV.
A empresa especialista em chassis fez correr uma Moto2 no CEV, no início do mês na jornada catalã, usando o seu próprio desenho de protótipo e incorporando suspensões Öhlins, rodas Marcehesini, freios Brembo e pneus Dunlop, tendo ainda como planos participar nas duas últimas jornadas da competição em Jerez e Valência.
O diretor da empresa, Bones, apresentou detalhes sobre o desenvolvimento do projeto e em relação aos passos que seguem enquanto tentam consolidar contratos com as equipes no novo Campeonato do Mundo de Moto2 para 2010. Eis a entrevista na integra:
Antes de mais, pode explicar como é que a FTR está bordando a Moto2?
“Somos construtores puros, não queremos ter envolvimento de equipes. Queremos desenhar e construir motos de competição e disponibilizá-las como um construtor o faria, depois as equipes comprariam nossas motos para correrem com elas como achassem melhor.”
“Há muito tempo que fabricamos peças para equipes, mas nunca numa posição em que mostramos o nosso desenho para comprovarmos o que podemos fazer. Na minha opinião, é esta a beleza da Moto2, dá-nos a oportunidade de mostrar o que somos capazes de fazer num ambiente que não é proibitivo em termos de custos.”
Quais são os vossos alvos em termos de tipo de clientes com quem querem trabalhar na Moto2?
“O principal mercado para nós é o Campeonato do Mundo com a Moto2, mas é mais lato também. Construímos a moto com os Grandes Prêmios em mente e estamos falando com quatro equipes no que toca a GP. Estamos também negociando com formações na Espanha para fazerem correr a moto no campeonato nacional espanhol e com duas equipes na Alemanha, mas ter uma Moto2 no IDM (campeonato alemão) é algo que ainda não está confirmado.”
“Para os GPs, estamos negociando com o Team Germany, com a Ajo Motorsport, com os patrocinadores da G22 Racing Team e com a Stop And Go Racing, por isso que estamos em contato com várias equipes de momento.”
Porque é que é tão importante para vocês começarem a participar no CEV?
“Do pontos de vista de construtor é essencial estar no meio da competição. Quando estamos fazendo testes sozinhos não sabemos em que ponto estamos. É necessário estar competindo para sabermos as nossas forças e as nossas fraquezas e o Campeonato de Espanha para nós é o único em que conseguimos isso de momento. Como a FTR é uma marca nova, apesar de já estarmos envolvidos nos GPs há muito tempo, nem todos conhecem o que fizemos no passado.”
“Mas assim que a moto foi para a pista em Barcelona a atitude em relação a nós mudou de imediato. As pessoas viram a qualidade da moto e o esforço e empenho colocado na moto. Olhamos para os fins-de-semana de corrida como um evento para fazermos rodar a nossa moto, mostrar às pessoas o que fizemos e que é real e, depois, de um momento para o outro as portas começam a abrir-se e estamos em posição para falarmos da moto.”
“A moto ainda não está rápida, teve pouco tempo de testes e ainda estamos no início da curva de desenvolvimento, mas está já mostrar todos os sinais. Acredito plenamente que vai estar na frente com as melhores.”
De forma geral, como foi a experiência com o fim-de-semana de corridas na Catalunha?
“O fim-de-semana foi muito melhor que o esperado. O Diego Lozano é uma piloto que dá respostas excelente e estava com instruções para não puxar demais a moto e para não cair porque era a única moto que tínhamos.”
“Ele qualificou-se em 23º e ficámos muito impressionados com a moto, com que tínhamos feito apenas 100m antes de sairmos da box na manhã de sexta-feira, pensámos que a devíamos fazer correr. Infelizmente, a embreagem começou a patinar na terceira volta e desistimos na 13ª. Penso que a embreagem se danificou no grid, mas faz parte da curva de aprendizagem.”
“Vamos voltar a correr com a moto em Jerez e Valência, de novo com a equipe Joe Darcey e o Graeme Gowland aos comandos.”
A FTR é parceira técnica de mais de 70 equipes de competição por todo o mundo, incluindo a Suzuki, Yamaha, Ducati e Team Roberts, no passado e presente.
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